Angu de Fubá: O Prato que Abraça a Gente por Dentro (e espanta qualquer fantasma da cozinha!)

Angu de Fubá: O Prato que Abraça a Gente por Dentro (e espanta qualquer fantasma da cozinha!)

E aí, minha gente! Tudo em riba? Hoje o papo aqui na nossa cozinha é sobre um prato que é a cara do Brasil, mas que muita gente torce o nariz sem nem conhecer direito. Um prato que tem história pra dar e vender, que esquenta a alma e que, vou te contar, é de uma simplicidade que chega a ser genial. Tô falando do nosso querido, amado e, por vezes, temido… Angu de Fubá!

Ah, o angu! Só de falar o nome já me vem aquele cheirinho de casa de vó, de panela fumegando no fogão à lenha, de comida que conforta, sabe? Aquela que parece que te dá um abraço quentinho por dentro. Pra mim, angu é mais que comida, é memória afetiva pura. Lembro da minha avó, com seu jeitinho sábio, mexendo a panela com uma colher de pau, com uma paciência de Jó, enquanto contava histórias do tempo dela. Ela dizia que “angu bom tem que ter braço e coração”, e hoje eu entendo direitinho o que ela queria dizer.

Mas ó, antes que você pense “ah, lá vem ela com mais uma receita da vovó que eu nunca vou conseguir fazer”, calma o facho! A missão de hoje é justamente desmistificar o angu. Vamos quebrar essa banca de que angu é difícil, que empelota, que dá trabalho. Esquece isso! Vou te passar todos os bizus, os pulos do gato, pra você fazer um angu tão cremoso, mas tão cremoso, que vai virar seu novo prato favorito da vida. Pode apostar!

Um Pouquinho de História: De Onde Raios Veio o Angu?

Antes de botar a mão na massa (ou no fubá, no caso), bora prosear um pouquinho? Você sabia que o angu é uma herança direta dos nossos irmãos africanos? Pois é! O nome “angu” vem do fon, uma língua falada lá no Benim, e originalmente era feito com inhame ou banana-da-terra cozidos e amassados. Era a base da alimentação, o nosso “arroz com feijão” de muita gente que veio pra cá na marra.

Quando chegaram ao Brasil, os africanos escravizados tiveram que se virar nos trinta com os ingredientes que encontravam por aqui. E o que tinha de montão, principalmente em Minas Gerais, pra onde muitos foram levados pra ralar nas minas de ouro? Milho! E do milho, o fubá. Foi assim que nasceu o angu que a gente conhece hoje, essa maravilha feita de fubá e água. Simples assim! Era comida de resistência, que dava sustento e energia pra aguentar o batente pesado. Por isso que eu digo: angu tem história, tem luta, tem alma!

Com o tempo, o angu deixou de ser só “comida de pobre” e ganhou o coração de todo mundo. Dos tropeiros que precisavam de uma comida forte pra aguentar as longas viagens, às famílias que se reuniam em volta da mesa pra comer uma boa galinha com angu no domingo. Ele virou um clássico, um ícone da nossa culinária, especialmente a mineira e a goiana, mas que hoje tá no prato do Brasil inteiro.

O Dilema do Fubá: Qual Usar pra Não Virar um Grude?

Beleza, história contada, agora vamos pra parte prática que é o que interessa, né? A primeira coisa que você precisa saber é que existe fubá e existe fubá. Parece tudo a mesma coisa, aquele pózinho amarelo, mas não é! A escolha do fubá certo é o primeiro passo pro seu angu dar certo e não virar uma cola de papel de parede.

• Fubá Mimoso: Esse é o mais fininho de todos, quase um talco. É o queridinho pra fazer bolos fofinhos, broas, mas pro angu… ele é o rei! Por ser bem fino, ele dissolve mais fácil e deixa o angu super cremoso e lisinho. Se você quer aquele angu de comer de colher, que desmancha na boca, vai no mimoso que é sucesso!
• Fubá Comum: É um pouco mais granulado que o mimoso. Dá pra fazer angu com ele? Dá sim, senhora! Fica um angu com uma textura um tiquinho mais rústica, mas delicioso igual. É o mais fácil de achar no mercado, então não tem desculpa.
• Farinha de Milho Flocada (a do cuscuz): Pelo amor dos santinhos, NÃO USE ESSA! Ela é pré-cozida e tem flocos maiores. Se você tentar fazer angu com ela, vai virar uma gororoba que nem seu cachorro vai querer. Deixa ela quietinha pro cuscuz, combinado?

Dica de ouro da amiga aqui: Se você só achou o fubá comum, mas quer um angu mais lisinho, dá uma batidinha rápida nele no liquidificador (com o liquidificador bem seco, claro!) pra ele ficar mais fino. É um truque que muda o jogo!

Mão na Massa: O Passo a Passo do Angu Perfeito (Sem Pelotas!)

Agora que você já é quase uma PhD em fubá, vamos pra panela! A receita é ridiculamente simples, o segredo tá no jeitinho de fazer. Presta atenção!

O que você vai precisar:

• 1 xícara de fubá (de preferência o mimoso)
• 4 a 5 xícaras de água ou caldo (de galinha, de legumes, o que seu coração mandar)
• 1 colher de sopa de manteiga ou azeite (opcional, mas dá um brilho e um saborzinho a mais)
• Sal a gosto

O Pulo do Gato para Não Empelotar:

Esquece aquele negócio de jogar o fubá na água quente e rezar pra não virar uma batalha. O segredo, minha amiga, é começar a frio! Isso mesmo, você leu direito.

1. A Mágica do Começo: Numa panela (de preferência de fundo grosso, pra não queimar), coloque o fubá. Agora, vá adicionando UMA xícara de água FRIA aos pouquinhos, mexendo com um batedor de arame (o famoso fouet) ou um garfo. Mexa bem até dissolver todo o fubá e virar uma laminha amarela, sem nenhuma bolotinha. Esse é o passo mais importante, então capricha!
2. Agora Pode Esquentar: Dissolveu tudo? Perfeito! Agora sim, você vai ligar o fogo (médio pra baixo, nada de pressa!) e adicionar o restante da água (ou do caldo), já quente pra acelerar o processo. Adicione o sal e a manteiga, se for usar.
3. O Teste do Braço: A partir de agora, minha filha, é você e a colher de pau (ou o fouet). Você vai mexer. E mexer. E mexer um pouco mais. No começo, vai parecer que não vai dar em nada, mas confia no processo. O fubá precisa cozinhar, e isso leva tempo. Se você parar de mexer, ele gruda no fundo da panela, queima e empelota. Então, bota uma música boa e encara a mexida como uma terapia.
4. Qual o Ponto Certo? O tempo de cozimento varia, mas geralmente leva de 20 a 30 minutos. Você vai saber que tá bom quando o angu começar a soltar do fundo da panela, como se fosse um brigadeiro. Outro sinal é o cheiro: quando o cheiro de milho cru for embora e der lugar a um cheirinho de milho cozido, delicioso, tá no ponto! Prove pra ver se o sal tá bom e se não tem gosto de fubá cru. Se tiver, cozinha mais um pouquinho. Paciência é a alma do angu!

Pronto! Você tem um angu cremoso, lisinho e delicioso. Viu como não é um bicho de sete cabeças?

Angu Mole ou Angu de Corte? Você Decide!

A receita que eu passei é pra um angu cremoso, perfeito pra servir de base pra um molho, uma carne de panela… Mas e se você quiser aquele angu de corte, firme, pra fritar ou grelhar depois? É mais fácil ainda!

O segredo é a proporção de líquido. Pra um angu de corte, você vai usar menos água. A regrinha é mais ou menos 1 parte de fubá para 3 partes de água. O processo de preparo é o mesmo: dissolve o fubá em um pouco de água fria primeiro e depois cozinha, mexendo sempre. Ele vai ficar bem mais grosso e pesado.

Quando estiver cozido, despeje numa forma de bolo inglês ou num refratário untado com um fiozinho de óleo, alise a superfície com uma espátula molhada e deixe esfriar completamente. Depois de frio, ele fica firme que nem um bloco. Aí é só desenformar, cortar em fatias, cubos ou o formato que você quiser, e dourar na manteiga, grelhar ou até fritar. Fica com uma casquinha crocante por fora e macio por dentro que é um espetáculo!

Com o que Eu Sirvo essa Maravilha? Dicas de Casamentos Perfeitos!

O angu é um ator coadjuvante de luxo, ele combina com praticamente tudo! É uma tela em branco esperando pra ser colorida com sabores incríveis. Olha só algumas ideias pra você se inspirar:

• Com Frango com Quiabo: É o casamento mais clássico e perfeito da culinária mineira. A cremosidade do angu com o molho encorpado do frango e a babinha do quiabo… é de comer rezando!
• Com Carne de Panela Desfiada: Sabe aquela carne que desmancha só de olhar? Imagina ela por cima de um prato fundo de angu quentinho. Não precisa de mais nada!
• Com Molho de Linguiça: Um molho de tomate bem rústico, com pedaços de linguiça toscana ou calabresa, é um par perfeito pro angu. Rápido, barato e delicioso.
• Com Ragu de Carne Moída: Um bolonhesa caprichado, sabe? Com um bom refogado, umas ervinhas… transforma um prato simples num banquete.
• Com Costelinha de Porco: Uma costelinha suculenta, daquelas que soltam do osso, servida com angu cremoso, é pra aplaudir de pé.
• Simples, com Couve Refogada e um Ovinho Mole por Cima: Praqueles dias que a gente quer um comfort food rapidinho, essa combinação é imbatível. O angu cremoso, o verdinho da couve e a gema do ovo escorrendo… ai, meu coração!

E o angu de corte? Grelhadinho na manteiga com um pouco de queijo parmesão por cima, ele vira um petisco incrível pra receber os amigos. Ou então pode ser o acompanhamento de um belo bife acebolado. Use a imaginação!

Erros Comuns (Pra Você Passar Longe!)

Pra fechar nosso papo, vamos listar os “nãos” do angu, as pegadinhas que fazem a galera desistir no meio do caminho.

1. Jogar o fubá na água quente: Já falei e repito, é pedir pra empelotar. Comece sempre com água fria!
2. Ter pressa e usar fogo alto: Angu gosta de carinho e tempo. Fogo alto queima o fundo e deixa o meio cru. Paciência, jovem gafanhoto.
3. Não cozinhar o suficiente: Angu com gosto de fubá cru é triste. Deixe cozinhar bem, uns 20 minutinhos no mínimo. O sabor muda completamente!
4. Achar que tá muito mole e tacar mais fubá: Calma! O angu engrossa conforme esfria. Se você adicionar mais fubá no meio do cozimento, a chance de empelotar é enorme e o tempo de cozimento vai aumentar. Siga a proporção da receita que não tem erro.
5. Usar uma panela muito fina: Panelas de fundo fino queimam a comida com muita facilidade. Dê preferência a uma panela de fundo grosso, de ferro ou de inox, que distribui o calor melhor.

Ufa! Falei pra caramba, né? Mas é que eu sou apaixonada por esse prato e queria muito que você perdesse o medo e se aventurasse. Angu é comida que abraça, que conta história e que tem um saborzinho de Brasil que não tem igual.

E aí, te convenci a dar uma chance pra ele? Quero só ver, hein! Depois que fizer, volta aqui nos comentários pra me contar como ficou, se deu certo, se você serviu com alguma coisa diferente! Adoro saber das aventuras de vocês na cozinha.

Um beijo e até a próxima!