Canjica: O Doce Cremoso que Tem Gosto de Festa Junina (e de Abraço de Vó!)

O guia definitivo para a canjica perfeita: cremosa, doce na medida e com sabor de festa junina. Segredos de vó!

Canjica: O Doce Cremoso que Tem Gosto de Festa Junina (e de Abraço de Vó!)

Canjica: O Doce Cremoso que Tem Gosto de Festa Junina (e de Abraço de Vó!)

E aí, minha gente festeira e de bom garfo! Chega mais, senta aqui na cadeira da cozinha, que hoje o papo é doce, cremoso e tem um cheirinho que transporta a gente direto pra melhor época do ano. Sabe aquele aroma de cravo e canela dançando no ar, misturado com o perfume docinho do milho cozinhando lentamente? Ah, meu bem, não tem erro: hoje vamos falar de CANJICA!

Pode chamar de mungunzá, de canjiquinha, de chá de burro... não importa o nome que você dá, a sensação é a mesma: um abraço quentinho por dentro, um afago na alma, um prato que tem o poder de transformar qualquer dia comum numa verdadeira festa junina particular. E vamos combinar? Não precisa esperar São João chegar pra se deliciar com essa maravilha, não!

Eu sou suspeita pra falar, porque canjica pra mim é mais que uma sobremesa. É uma máquina do tempo. A primeira mordida me leva direto pra cozinha da minha avó, Dona Zilah. Eu, pequena, com as pernas balançando no banco alto, esperando ansiosamente pela minha tigela fumegante. Ela dizia que o segredo de uma boa canjica estava na paciência. “Milho tem seu tempo, menina. Não adianta apressar o bicho, senão ele empaca e não fica macio”, ela falava, mexendo a panela gigante com uma colher de pau que era quase do meu tamanho.

E não é que a véia estava certa? O segredo da canjica perfeita, aquela que fica com o caldo grossinho, o milho desmanchando na boca e um sabor que, ó, vou te contar... é a paciência e, claro, alguns truques que a gente só aprende botando a mão na massa (ou no milho, no caso). E são esses segredos, passados de geração em geração lá na minha família, que eu vou dividir com vocês hoje. Pega o caderninho, a caneta e o coração, porque essa receita é puro afeto!

Primeiro de Tudo: O Milho da Discórdia!

Antes de mais nada, vamos resolver uma questão que já gerou muita discussão em almoço de família: qual milho usar? Existe o milho de canjica branco e o amarelo. Qual o certo? A resposta é: os dois! É mais uma questão de gosto e de tradição regional.

  • Canjica Branca: É a mais tradicional na maior parte do Brasil, especialmente no Sudeste e Nordeste. Ela fica com uma cor mais clássica, um sabor mais suave e, na minha opinião, absorve melhor os sabores do leite, do coco e das especiarias. É a minha preferida, a que a Vó Zilah fazia.
  • Canjica Amarela (ou Mungunzá): Muito comum no Norte e em algumas partes do Nordeste, ela é feita com o milho amarelo, o mesmo da pipoca, só que seco. O sabor é um pouco mais pronunciado, mais “milhudo”, sabe? Fica uma delícia também, com uma cor linda, parecendo um creme de ouro.

A dica de ouro aqui é: compre um milho de boa qualidade! Parece bobagem, mas faz toda a diferença. Um milho velho ou de má procedência pode demorar uma vida pra cozinhar e, mesmo assim, ficar duro. Procure por grãos uniformes, sem manchas escuras e que não estejam quebradiços. É o primeiro passo pro sucesso!

O Pulo do Gato: Deixar o Milho de Molho é Negociável?

Minha amiga, se tem uma coisa que aprendi com a minha avó é que “a pressa é inimiga da canjica perfeita”. Deixar o milho de molho não é frescura, é necessidade! É esse processo que vai hidratar os grãos, amolecê-los e, o mais importante, diminuir consideravelmente o tempo de cozimento. E a gente quer economizar gás, né non?

O ideal é deixar o milho de molho em água de um dia para o outro, por umas 12 horas. Cubra os grãos com bastante água (eles vão inchar, então capricha na quantidade!) e pode deixar lá, quietinho, na tigela. No dia seguinte, você vai ver que eles já estão mais gordinhos e macios. Antes de levar pra panela, escorra bem essa água do molho, ok? Ela já fez o trabalho dela.

“Ah, mas eu esqueci de deixar de molho e tô com vontade de comer canjica AGORA!” Calma, jovem Padawan, nem tudo está perdido! Uma dica pra acelerar o processo é usar água quente. Coloque o milho em uma tigela, ferva uma chaleira de água e jogue por cima. Deixe de molho por pelo menos 2 a 3 horas. Não é a mesma coisa que as 12 horas, mas já quebra um galho e ajuda a amolecer os grãos mais rápido na pressão.

A Hora da Verdade: Panela de Pressão, a Nossa Melhor Amiga!

Cozinhar canjica na panela normal? Olha, poder até pode, mas você vai precisar de uma paciência de monge e um botijão de gás reserva. A panela de pressão é nossa aliada número um nessa missão! Ela vai fazer em minutos o que a panela comum levaria horas.

Depois de escorrer o milho, coloque-o na panela de pressão e cubra com água limpa. A medida é uns 4 a 5 dedos de água acima do nível do milho. Não encha demais a panela, pelo amor de Deus! Lembre-se daquela regrinha de segurança: nunca ultrapasse 2/3 da capacidade da panela. Segurança em primeiro lugar, sempre!

Feche a panela, leve ao fogo alto e, quando pegar pressão (aquele barulhinho de “shhhhh” que a gente conhece bem), abaixe o fogo e conte uns 30 a 40 minutos. O tempo pode variar dependendo do seu fogão e do milho. Depois desse tempo, desligue o fogo e – PELO AMOR DE TUDO O QUE É MAIS SAGRADO – espere a pressão sair naturalmente. Não me vá enfiar a panela debaixo da torneira! Além de ser perigoso, o choque térmico pode endurecer o milho que a gente passou tanto tempo amolecendo.

Abra a panela com cuidado e espete um grão com o garfo. Ele tem que estar bem macio, quase desmanchando. Se ainda estiver durinho, sem drama: feche a panela e cozinhe por mais uns 10 ou 15 minutos na pressão.

A Mágica Acontece: O Caldo Cremoso e Cheio de Sabor!

Com o milho cozido e macio, é hora da festa! É agora que a gente transforma esse milho cozido numa sobremesa dos deuses. Com a panela em fogo baixo (pode ser na própria panela de pressão, sem a tampa, ou em outra panela grande), a gente começa a adicionar os ingredientes que dão o “tchan”.

Aqui vai a base da minha receita de família, a da Vó Zilah:

  • Leite: Use leite integral, por favor! A gordura dele ajuda a dar cremosidade. Despeje o leite aos poucos, mexendo sempre.
  • Leite de Coco: O melhor amigo da canjica! Dá um sabor e uma cremosidade que, nossa... É indispensável. Escolha um de boa qualidade, mais grossinho.
  • Açúcar: Adoce a gosto, mas vá com calma. Adicione um pouco, mexa, prove. Lembre-se que o leite condensado ainda vai entrar na jogada.
  • Leite Condensado: Ah, o néctar dos deuses! É ele que vai dar o brilho, a doçura na medida e ajudar a engrossar o caldo. Uma latinha costuma ser suficiente, mas se você for formigão, pode caprichar.
  • Cravo e Canela: O perfume da festa junina! Eu gosto de colocar uns cravos-da-índia e uns dois paus de canela pra cozinhar junto nesse caldo. Eles vão soltando o sabor lentamente. É pura poesia!

Agora é a hora de exercitar a paciência que a vovó tanto falava. Deixe essa mistura toda cozinhando em fogo baixo, mexendo de vez em quando pra não grudar no fundo da panela, por uns 20 a 30 minutos. Você vai ver o caldo engrossando, ficando cremoso, e o cheiro que vai tomar conta da sua casa vai ser simplesmente espetacular.

Turbinando a Canjica: Os “Extras” que Fazem a Diferença!

A receita básica já é maravilhosa, mas a gente pode deixar o que é bom ainda melhor, né? Aqui entram os toques pessoais, o que a sua imaginação (e sua despensa) permitir!

  • Coco Ralado: Um clássico! Adicionar coco ralado (fresco ou de pacotinho) junto com os leites dá uma textura e um sabor incríveis. Eu gosto de usar o coco em flocos, que fica mais presente.
  • Amendoim: Meu Deus, canjica com amendoim é outro nível! Torre o amendoim sem pele, triture grosseiramente (pode ser no liquidificador, dando uns “pulsar”, ou com um rolo de macarrão) e misture na canjica já pronta. Fica crocante, delicioso, perfeito!
  • Paçoca: Se amendoim já é bom, imagina paçoca! Esfarele umas paçoquinhas na hora de servir, por cima da sua tigela. É a felicidade em forma de doce.
  • Doce de Leite: Pra quem é ousado e não tem medo de ser feliz. Uma colherada de um bom doce de leite misturada no final do cozimento deixa a canjica com uma cor linda e um sabor... sem palavras!

Erros Comuns pra Você Passar Longe!

Até as melhores cozinheiras podem escorregar na casca de banana (ou no grão de milho). Pra sua canjica não virar um pesadelo, anota aí o que NÃO fazer:

  1. Não deixar de molho: Já falamos sobre isso, né? Resulta em milho duro e horas de cozimento.
  2. Colocar açúcar antes da hora: Nunca, jamais, em hipótese alguma, cozinhe o milho na pressão JÁ com o açúcar. O açúcar “sela” o grão e impede que ele amoleça. O doce só entra depois que o milho estiver macio!
  3. Cozinhar em fogo alto: Depois que adiciona os leites, é sempre fogo baixo, minha gente! Fogo alto vai fazer o leite talhar e a canjica grudar no fundo da panela, ficando com gosto de queimado. Ninguém merece.
  4. Deixar o caldo ralo: A canjica perfeita tem um caldo cremoso. Se a sua ficou rala, não se desespere. Dissolva uma colher de sopa de amido de milho em um pouquinho de leite frio e adicione à panela, mexendo bem até engrossar. É um truque sujo, mas funciona!

Como Servir essa Maravilha?

A canjica é uma rainha e merece ser servida como tal! Ela é deliciosa tanto quente, recém-saída da panela, quanto fria, depois de um tempo na geladeira (ela fica ainda mais cremosa!).

Na hora de servir, capriche na finalização. Uma pitada de canela em pó por cima é obrigatória! Fica lindo e dá um toque final no sabor. Se usou amendoim ou paçoca, salpique um pouco mais por cima também, pra dar aquela crocância.

Essa receita rende bastante, é comida que agrega, que junta gente ao redor da mesa. É perfeita pra uma festa, pra um lanche da tarde caprichado ou pra simplesmente aquecer o coração num dia frio.

E aí, ficou com água na boca? Eu confesso que só de escrever já me deu uma vontade louca de correr pra cozinha! A canjica é isso: memória, sabor e muito, mas muito carinho em forma de comida.

Agora eu quero saber de vocês! Qual o segredo da canjica na sua família? Vocês chamam de canjica ou mungunzá? Preferem a branca ou a amarela? E qual o seu acompanhamento preferido? Me conta tudo aqui nos comentários, vamos trocar figurinhas e deixar esse nosso cantinho ainda mais gostoso!

Um beijo e até a próxima panela!

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